Como já mencionei aqui neste blog, faço mestrado na USP. Muitas pessoas já me perguntaram como consegui entrar lá, principalmente, por ter feito a graduação em uma faculdade particular. Antes de mostrar o caminho das pedras, vale negar alguns mitos nos quais eu mesma acreditava:
– não, as vagas não são compradas, são poucas…
– não, não precisa ser gênio, nem nerd, nem louco, nem chato, nem sobrenatural, nem estudar o dia inteiro; é preciso persistência, disciplina, disponibilidade e gostar de estudar, obviamente.
Isto posto, lá vão dez passos para não pagar para fazer um mestrado:
1 – depois de decidir a faculdade que quer cursar, entre no site e procure a grade de disciplinas que serão oferecidas no semestre seguinte (já aviso, o site é confuso…);
2- escolha uma disciplina do seu interesse e:
– assista como aluno ouvinte: no dia da aula, você chega e pede para o professor para assistir a disciplina. Se tiver vaga e os seus motivos forem convincentes, ele deixa. Você assiste as aulas só para conhecer. Não precisa de presença regular, fazer trabalhos, seminários, nada… só sentar e “ouvir”;
– assista como aluno especial: se inscreva na data estipulada presencialmente lá na USP, depois é preciso fazer uma prova (até que simples) de interpretação de texto em inglês e redação. Também é necessário entregar vários documentos – histórico, currículo, carta de solicitação ao professor, etc. A vantagem é que você pode aproveitar os créditos depois, se vier a fazer o mestrado, e também ‘mostra mais serviço’.
No meu caso, assistir aulas como aluna especial foi crucial para ter ideias de projeto, conhecer o professor e suas linhas de pesquisa, conhecer pessoas que te dão várias dicas e descobrir em que chão você está pisando.
Ah, se fizer aula como aluno especial, capricha no trabalho de conclusão da disciplina!!
3 – escolha a área e o professor orientador;
4- se inscreva para o mestrado propriamente dito, geralmente com quase um semestre de antecipação! Ou seja, para começar a estudar em agosto, o processo começa em março, mais ou menos. As datas são rigorosas e estão no site. Também é preciso entregar um monte de documento, mas nada que você não tenha…
5- faça a prova de inglês – interpretação de texto teórico (ferradíssima…), incluindo respostas dissertativas, e redação;
6- estude para a prova de conteúdo. São geralmente de 4 a 8 livros, dependendo do curso. A lista de livros está no site. No meu caso, consegui os livros por um colega que estuda na USP e pegou na biblioteca. Dica: faça um cronograma das leituras (1 mês para esse livro, x páginas por dia, etc.) e não deixe de fazer uma revisão. (Ah, dê adeus à sociedade e avise que você vai precisar se retirar);
7- faça a prova de conteúdo. No meu caso, cinco questões dissertativas, você escolhe três para responder. Lembra da folha de almaço do colégio? Você escreve uma daquelas inteira;
8- no dia da prova, você tem que entregar seu projeto de pesquisa, dentro da linha de pesquisa e atuação do professor orientador que você escolheu (ou que vai te escolher, melhor dito). Essa é a parte mais difícil, por isso você tem que pensar nisso lá nas aulas como aluno especial. Dica: siga as regras de formatação e estrutura, seja objetivo, claro, dê exemplos, não deixe erros, faça uma capinha bonitinha…
9- passou na prova? Agora é a vez da entrevista de mestrado. Esteja preparado para explicar o que você pretende com a pesquisa. No meu caso, havia três professores, incluindo a orientadora, que leram o meu projeto e fizeram perguntas gerais sobre a relevância da pesquisa, etc. No meu caso específico, para ser sincera, foi mais fácil do que eu pensei, mas não diria que isso é um padrão. Vale lembrar do ditado: “Hope for the best, but plan for the worst”. Depois é só aguardar a confirmação ou não da aprovação, que geralmente sai uma semana depois da entrevista.
10 – passou? Agora é só fazer a matrícula! Você vai ter que completar x número de créditos, ou seja, vai precisar assistir disciplinas como aluno regular, geralmente de tarde, uma vez por semana (é nessa etapa que eu estou!). Também é interessante frequentar congressos, convenções, palestras.
Por fim, o céu é o limite: o quanto você vai estudar, ler, “es-cre-ver” vai depender de você. Lembre-se, o interesse é seu e só seu. O que é muito mais difícil do que ter alguém te mandando estudar isso e ler aquilo.
É isso aí! Respondi a pergunta?
Beijo e boa sorte para quem for tentar!
🙂