Tradução automática no YouTube – fim da profissão do tradutor?

Acaba de ser lançada mais uma aplicação dos avanços nas pesquisas em Machine Translation. Veja a notícia abaixo e os meus comentários no final:

“O YouTube lançou nesta quinta-feira (4/3) a opção de legendas
automáticas em inglês para todos os vídeos postados no site nesse
idioma.

A partir de agora, qualquer vídeo publicado em inglês terá legendas –
acionadas pelo botão CC (closed-caption) . Os vídeos já publicados no
site estão recebendo o recurso aos poucos.

Legendas automáticas em outros idiomas devem ser adicionadas dentro de
“alguns meses”, segundo Tokusei, mas os usuários podem usar o serviço
de tradução automática do Google para passar os textos para outras 50
línguas. Ele ressalta ainda que o recurso não é perfeito e que a
qualidade das legendas depende do áudio dos vídeos.”

Oh! Seria esse mais um prelúdio do fim da profissão de tradutor? A resposta simples é: NÃO. Alguns motivos que me ocorrem:

– O volume de traduções cresce exponencialmente, a um ritmo muito superior à capacidade de produção dos tradutores humanos. (Calculem o número de vídeos postados no YouTube diariamente, só pra começar.)

– Os softwares de tradução automática, como o Google Translate, são muito utilizados para uma compreensão imediata, rápida (superficial) do texto. É aquela tradução “para ter uma noção”, por isso aceita-se uma qualidade inferior.

– Textos com um ‘período de vida’ maior, para serem publicados (livros, documentos, leis), continuarão dependendo de um tradutor humano (se eu fosse você, contrataria um). Sem falar nas traduções mais criativas, como literárias, publicitárias, humorísticas, etc.

– As traduções profissionais (em agências, empresas) feitas por meio de softwares automáticos precisam de um tradutor para complementar o processo: revisar, corrigir, retraduzir trechos, organizar terminologias, treinar e aprimorar a máquina.

– Para desenvolver, testar, aprimorar um software de tradução automática, precisa-se de: um tradutor!

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Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia – entenda a diferença!

O pessoal da área de Letras certamente já ouviu alguns desses nomes (ou até estudou na faculdade), os tradutores estão envolvidos com os objetos dessas disciplinas todos os dias, mesmo sem saber. E você, sabe o que é cada um desses termos? Confira esta breve explicação:

Lexicologia: léxico é o vocabulário de uma língua, logia é estudo. Portanto, a Lexicologia é a parte da Linguística que estuda o repertório geral de palavras existentes em uma língua, sob diversas perspectivas – significados, classes gramaticais, composição das palavras, classificações, evolução histórica, etc.

Lexicografia: léxico você já sabe o que significa, grafia é escrita. Logo, Lexicografia é a atividade de elaboração de dicionários de língua geral (como o Houaiss ou Aurélio), bem como a disciplina que estuda esse trabalho. Assim, um lexicógrafo é um dicionarista.

Terminologia: a palavra remete a termo, certo? Sim. Muito bem. Terminologia é, portanto, o conjunto de termos próprios a uma área técnico-científica (ex: a terminologia do direito, dos negócios, etc.), bem como o campo de estudos teóricos e metodológicos que se ocupa dos termos técnicos de uma área.

Por fim…

Terminografia: como já se pode deduzir, Terminografia é a atividade de elaboração de dicionários técnicos de uma área. Desse trabalho resultam os diversos dicionários e glossários técnicos (monolíngues, bilíngues, multilíngues), tão essenciais aos tradutores.

Em resumo, a Lexicologia estuda o vocabulário (o léxico) geral de uma língua, a Lexicografia registra isso em um dicionário. A Terminologia investiga os termos de uma área de especialidade, a Terminografia registra isso em um dicionário técnico.

Claro que existe muita teoria sobre cada uma dessas áreas e uma infinidade de tipos de dicionários! Para quem tiver interesse, dois livros excelentes:

Introdução à Terminologia: Teoria e Prática de Krieger e Finatto (2004)  Editora Contexto

Dicionários. Uma pequena introdução à Lexicografia de Welker (2004) Thesaurus Editora

Por hoje é isso.

Boa noite a todos.

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Evento primeiro semestre 2010

Neste semestre, mais precisamente nos dias 19, 20 e 21 de março, acontecerá o III Congresso Internacional de Tradução e Interpretação da Associação Brasileira de Tradutores (Abrates), no Centro de Eventos da FIERGS, em Porto Alegre, RS.

Segue a programação preliminar:

Primeiro dia: sexta-feira, 19/03

* Oficina 1: Terminologia e Glossários – Cleci Bevilacqua e Maria José
Finatto
* Oficina 2: Tradução Simultânea – Ayrton Farias
* Oficina 3: a confirmar

Segundo dia: sábado, 20/03

* Painel 1: Tradução Juramentada – Tamara Barile (SP), Beatriz Rodrigues
(Buenos Aires), Renato Beninatto
* Painel 2: Mercados Regionais – Claudia Chauvet (Centro-Oeste) , Ayrton
Farias (Nordeste), Danilo Nogueira (Sudeste), Mônica Koehler Sant’Anna (Sul)
* Painel 3: Tradução Literária – Sergio Flaksman (RJ), Luiz Angélico da
Costa (BA), Moacyr Scliar (RS)
* Painel 4: Formação em Tradução e Interpretação – Marcia Martins (PUC-Rio),
Cristina Carneiro Rodrigues (UNESP) e outros a confirmar
* Painel 5: Direitos Autorais – Denise Bottmann, Sergio Molina, Dra. Eliane
Abrão
* Painel 6: Organizações – Beatriz Rodriguez (CRAL/ FIT), Heloisa Barbosa
(Sintra), Paulo Wengorski (Abrates)

* Palestra 1: Credenciamento de Tradutores e Intérpretes – Vagner Fracassi
(ex-presidente da ABRATES)
* Palestra 2: Internet, o continente do conhecimento, e a arte da tradução –
Roney Belhassof (consultor em gestão do conhecimento)
* Palestra 3: Intérprete de Língua de Sinais: um novo profissional que se
apresenta – Angela Russo
* Palestra 4: Conhecimento enciclopédico e tradução – Patricia Chittoni
Ramos
* Palestra 5: Terminologia em textos técnicos – Maria da Graça Krieger
* Palestra 6: a confirmar

* Apresentações de temas livres propostos pelos participantes e selecionados
pela comissão

Terceiro dia, domingo, 21/03

* Painel 7: Legendagem: Nick Magrath, Bruno Murtinho (4 Estações), Carol
Alfaro
* Palestra 7: Ortografias: a Bela e o Monstro (1ª Parte – O Acordo
Ortográfico: para quê?/ 2ª Parte – Unidades de Medida: uma Ortografia
essencial para tradutores) – João Roque Dias (Portugal)
* Palestra 8: As armadilhas da tradução do espanhol – Carlos Ancêde Nougué

* Palestra 9: Tendências no mercado mundial de traduções ou “será que eu vou
ter trabalho no ano que vem?” – Renato Beninatto

* Encerramento

Estou muito tentada a ir…

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Uma opinião bastante particular sobre tradução fast food

Recebi recentemente um e-mail oferecendo serviços de tradução para situações da mais absoluta emergência. Não vou dar nome e sobrenome para não fazer publicidade gratuita, mas quem fornece o serviço garante plantão 24 horas durante o Natal e o Ano-novo (até aí, cada um com os seus problemas e contas a pagar). Mas prometer “funcionários capacitados especialmente para traduzir em situações de máxima urgência e emergência, e para enfrentar as circunstâncias tecnicamente mais adversas e mais estressantes” já é demais.

Várias questões me ocorrem: Como e onde se oferece esse tipo de treinamento tão intenso? Pensando bem, nem quero saber.  Quais seriam as “circunstâncias tecnicamente mais adversas e estressantes”? Internet discada? Apagão?  Existe (não deem risada) alguma garantia de qualidade? (¿La garantía soy yo?) Pelo menos o anúncio não mencionou a palavra “qualidade”, menos mal. Se é tão absolutamente urgente, por que não usar um tradutor automático? Será que já não usam?

Já traduzi e revisei em situações bastante adversas – horas a fio, noite adentro, com a corda no pescoço (não na noite de Natal, veja bem), e posso garantir que não existe ‘treinamento ou capacitação’ pra isso. Você pode estar disponível, a fim, obrigado, necessitado, até acostumado a traduzir insandecidamente, mas tudo isso é muito diferente de produzir um trabalho de qualidade porque se está devidamente treinado para essas circunstâncias. Outra coisa, quanto mais experiente o tradutor, menos ele aceita trabalhar dessa forma, porque conhece seus limites e se organiza melhor. Nada contra traduções urgentes. Mas que fique bem claro que quanto menos prazo, menos condições, menos qualidade. Não existe milagre. Faça um teste com seu cabeleireiro, costureiro, cirurgião plástico…

Aproveito o ensejo para dizer que tradução é coisa séria, difícil a beça, demorada, requer estudo, pesquisa, revisão, prazo, tem implicações reais, precisa ser especializada e bem paga!

Para terminar, meus sinceros votos de que os colegas trabalhando em condições tão extremas estejam ao menos ganhando muito bem (huummm) para perder a noite de Natal e Ano-novo.

Obrigada pela visita e pela paciência.

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Uma verdadeira aula de Linguística – Parte I

Este post é dedicado a todos que se interessam por Linguística ou têm pelo menos curiosidade em saber o que é. De uma forma leve e genial, o poeta José Lira resumiu a vida e a contribuição de Ferdinand de Saussure, pai da Linguística moderna, em um poema que faz parte da Literatura de Cordel.

Lemos este texto na aula de Terminologia, com a professora Maria Teresa Barbosa, e resolvi compartilhar com vocês, porque achei excelente.

O texto é longo, por isso o dividi em partes.

A VIDA E AS IDÉIAS GENIAIS E DICOTÔMICAS DO PAI DA CIÊNCIA DA LINGUÍSTICA – FERDINAD DE SAUSSURE

A Lingüística é o estudo

Científico da linguagem

Usada pelas pessoas

Como código e mensagem,

Quando elas se comunicam

E socialmente interagem.

Foi Ferdinand de Saussure

Quem explicou sua essência,

Mostrou o seu objeto,

Definiu sua abrangência,

Fez da Lingüística antiga

Uma moderna ciência.

Saussure mostrou ao mundo

A força maravilhosa

Dessa ciência importante,

Fascinante e curiosa,

Rainha e amiga das línguas,

Dona do verso e da prosa.

No século XIX

O nosso Mestre nasceu,

Na cidade de Genebra,

Na Suíça, onde cresceu,

E até os dezoito anos

Em sua terra viveu.

Três anos logo em seguida

Na Alemanha ele passou,

Alemão, sânscrito, grego,

Persa e latim estudou,

Dos mestres daquele tempo

Louvor e estima ganhou.

Tinha só 22 anos

Quando formou-se doutor,

Mudou-se então para a França

E se tornou professor,

Da Escola de Altos Estudos

Foi o maior diretor.

Já respeitado e famoso,

Voltou à terra querida,

Que em sua universidade

Lhe deu emprego e acolhida

E onde viveu ensinando

O resto de sua vida.

A doutrina de Saussure

Legou à posteridade,

Tão cheia de brilhantismo

E de originalidade,

Só depois de sua morte

Conheceu publicidade.

Pois o mestre genebrino

Todo o tempo consumia

Em ensinar aos alunos

No labor do dia-a-dia,

Que o professor de verdade

Não conhece outra alegria.

Revendo então os cadernos

Com suas anotações,

Alguns alunos juntaram

Idéias e opiniões

E reuniram num livro

As valiosas lições.

Deram-lhe o nome de “Curso

De Lingüística Geral”,

Um trabalho grandioso,

Um livro monumental,

Da ciência da linguagem

A obra fundamental.

Em suas páginas tudo

De necessário se lê,

A síntese mais profunda

E o mais singelo ABC,

Para quem quer ser lingüista

Sabendo como e por quê.

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Uma verdadeira aula de Linguística – parte II (O Curso de Lingüística Geral)

O “Curso” mostra o processo

Organizado e bem-feito

Desse mestre que estudava

Com paciência e com jeito,

Buscando a palavra exata

Na exatidão do conceito.

Uma terminologia

Consensual e adequada,

Uma área certa de estudo

Precisava ser fixada,

Que a Lingüística não era

Uma ciência acabada.

Com visão e perspicácia

Saussure abordou o tema,

Buscou nas dicotomias

A chave para o problema,

No dualismo das coisas

Idealizou um sistema.

A linguagem, diz o “Curso”,

É um fato social

E é para nossa ciência

A matéria principal,

Em todas as várias formas

Dessa expressão cultural.

Mas a linguagem abrange

Gesto, sinal, fala, ação,

Qualquer atitude humana

Para a comunicação,

E esse campo é muito vasto

Para abordar a questão.

A língua, então: eis o ponto

Que nos compete estudar,

O objeto definido,

Distinto e particular,

Que vale por ela mesma

E ocupa aqui seu lugar.

A língua por um lado,

É uma dupla entidade,

Tem duas faces opostas,

De aparente ambigüidade,

Sendo abstrata e concreta

Na sua diversidade.

Impõe-se, pois, dividi-la

A fim de classificá-la,

Repartir a sua essência

Para melhor estudá-la,

Distinguir o que é idéia

Do que é ato de fala.

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Uma verdadeira aula de Linguística – parte III (Langue x Parole)

Eis então nossa primeira

Dicotomia importante:

“Langue” e “parole” são termos

usados de agora em diante

para os dois tipos de língua

de que se serve o falante.

Todos nós, quando nascemos,

Temos o dom de pensar,

Mas pensar exige um meio

Para a idéia enunciar,

E a langue é o meio que existe

Entre o pensar e o falar.

A langue é como um tesouro

Que a nossa mente contém,

O exemplar de um dicionário

Que toda pessoa tem,

Consciência coletiva,

De todos e de ninguém.

A langue, na sociedade,

É uma instituição,

É um sistema de signos

Usados por convenção,

E para a vida gregária

Tem força de coesão.

Por sua ver a parole,

Como está dito no “Curso”,

Já é um fato diverso,

Um diferente recurso,

Ou seja, a própria palavra

Realizada em discurso.

Dentro da língua, a parole

Corresponde à atividade

Cotidiana e concreta

Ligada à realidade,

Pertence a cada indivíduo

E não à comunidade.

Utilizando a parole

Sempre dentro de um contexto,

É livre assim o indivíduo

Para compor o seu texto,

Tocando em qualquer assunto,

Falando a qualquer pretexto.

Nem a langue é soberana,

Nem a parole se impõe:

Uma depende da outra,

Enquanto à outra se opõe,

E desse eterno contraste

É que a língua se compõe.

Fazendo agora um resumo

Desta breve exposição,

Seria a langue o produto

E a parole, a produção;

Langue – o sistema da língua;

Parole –  língua em ação.

A langue é que é permanente,

E a parole, ocasional;

A langue é que é coletiva,

A parole é pessoal;

Uma – ideal e abstrata,

Outra – concreta e real.

Saussure então vê a língua

Por uma dicotomia:

Descrita em dado momento

Por meio da sincronia,

Ou vista através do tempo,

Segundo a diacronia.

Ora, a Lingüística antiga,

Histórica ou normativa,

Tinha uma visão da língua

Fechada e retrospectiva,

E juntava em seus estudos

Língua morta e língua viva.

Interessava aos lingüistas

E aos gramáticos antigos

Analisar alfarrábios,

Abrir tumbas e jazigos,

Eram servos da História,

Da Arqueologia os amigos.

Na visão da sincronia,

Que Saussure introduziu,

A Lingüística afirmou-se,

Como ciência surgiu,

Independente e completa

Se impôs e se definiu.

Vem em seguida, no “Curso”,

Os eixos das relações

Onde atua o mecanismo

Das varias oposições

Que no sistema da língua

Geram termos e orações.

São ditas associativas,

Na base vocabular,

As opções que o falante

Exerce ao selecionar

Cada som, cada palavra,

Para a fala enunciar.

As relações do outro tipo,

Sintagmáticas chamadas,

Ocorrem entre as palavras

Que, na oração colocadas,

Se apóiam umas nas outras,

Atuando encadeadas.

Por exemplo, quando eu digo:

“Deus é bom”, cada elemento

Exerce um papel na frase

Nesse relacionamento

Que, pela ordem dos termos,

Dá sentido ao pensamento.

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Uma verdadeira aula de Linguística – parte IV (Significante x Significado)

Falou também nosso Mestre,

Com lucidez e elegância,

Sobre outra dicotomia.

De singular importância,

Que no sistema da língua,

São a forma e a substância.

Imaginemos a língua

Como um jogo de xadrez:

Cada uma de suas peças

De substâncias se fez,

De metal ou de madeira,

De outra matéria talvez.

Mas o que vale no jogo

Não são as peças em si,

E sim a forma de luta

Em que se empenham ali:

Se uma de lá ameaça,

Outra defende daqui.

A forma, assim, fica expressa

Por essa exata equação

Das peças que em equilíbrio

Exercem sua função:

Só têm valor no sistema

Se entre si têm relação.

Há, finalmente, no livro

Mais outra tese brilhante,

Mais uma dicotomia,

Outro assunto interessante

Que aqui por último é visto,

Mas é também importante.

Toda a linguagem precisa

De uma harmonia perfeita

Entre os símbolos que adota,

Os sinais de que ela é feita,

Para ser compreendida

E por todos ser aceita.

Assim também toda a língua

Na palavra se alicerça –

Signo básico e claro,

De utilidade diversa:

Serve ao sermão mais profundo

E à mais singela conversa.

Mas a palavra é um signo,

Diz o nosso Professor,

Dicotômico na forma,

De dupla essência e valor,

Dois perfumes num perfume,

Duas cores numa cor.

Significante chamemos

A emissão da nossa voz,

A impressão que faz a imagem

Acústica em todos nós,

O próprio som da palavra,

Fugaz, etéreo e veloz.

Chamemos significado

A parte conceitual

Que representa a idéia

Contida nesse sinal,

Evocação de uma imagem

Que é psíquica e mental.

Forma-se, assim, a palavra,

Qual moeda indivisível,

Do seu significante,

Sua face imperceptível,

E do significado,

Que é a parte inteligível.

Toda parte que a língua

Tem no seu vocabulário,

Cada signo que ao falante

Se revelar necessário

Tem esse duplo contraste,

Que é linear e arbitrário.

E é dessa forma que o signo

Fica, afinal, resumido:

Linear é seu feitio.

E arbitrário o seu sentido;

Faz-se na linha do tempo

E a priori é concebido.

E aqui o nosso trabalho

Está chegando ao final:

Finda a leitura do “Curso

De Lingüística Geral”,

Que contém as teorias

Desse mestre genial.

As idéias de Saussure,

Nunca é demais sublinhar,

Foram muito discutidas,

Deram muito o que falar,

Mas, se alguns criticaram,

Ninguém ousou refutar.

Seu pensamento é a base

De que se pôde valer

A Lingüística moderna

Para firmar-se e crescer,

E entre as ciências humanas

Ter um papel a exercer.

Depois dele, certamente,

Outros lingüistas vieram

Que pensaram de outra forma

E outras idéias tiveram,

Mas ele fez mais ainda

Que todos juntos fizeram.

Porque ninguém até hoje

Se lançou por outras vias

Que negasse a verdade

Das suas dicotomias

E nem deixou guiar-se

Pelas suas teorias.

Há homens que em sua vida

Mudam o curso da História,

Uns no campo de batalha

Buscam na guerra a vitória,

Outros com poder e força

Tentam cobrir-se de glória.

Mas outros heróis existem

Que não cedem à paixão

Da pobre vaidade humana,

Sem sentido e sem razão,

E lutam mais, porque lutam

Por amor e vocação.

Nessa luta sem medalhas

O nosso Mestre viveu:

Ensinando a vida inteira

Nenhum galão recebeu

No entanto, quanta riqueza

Ao nosso mundo ele deu!

José Lira

1995

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Link para palestras e tradução de “Crime e Castigo”

Já comentei em um post anterior sobre um ciclo de palestras sendo realizado no Sesc, chamado Tertúlia Tradutores (aprendi ontem que “tertúlia” significa “reunião”…).

Pois bem, para quem se interessa por tradução literária (ou literatura em geral), mas não pôde ir às palestras, elas estão disponíveis on-line, no portal do Sesc:

http://www.tvaovivo.net/sescsp/tertulia/default_11-15.aspx

Gostei particularmente da palestra do Paulo Bezerra, sobre como traduzir Fiódor Dostoiéviski, escritor russo do século 19. Paulo Bezerra traçou um panorama do autor e sua obra, mas ateve-se mais ao clássico romance “Crime e Castigo” (Prestuplênie i nakazánie) publicado em 1886.

Coincidentemente, estou lendo esse livro e tenho em mãos duas versões de tradução, uma de Natália Nunes, a partir do francês, e a de Paulo Bezerra, direta do russo. Lendo trechos das duas traduções, foi possível constatar o argumento do Paulo Bezerra:

– a tradução do francês deu origem a um texto mais fluente em português, sem quebra na estrutura usual, sem ou quase sem ‘estranhamentos’. Durante a leitura, eu mesma cheguei a pensar: “Nossa, a tradução está muito boa, nem parece tradução.” Já a tradução do russo apresenta trechos com estilo mais complexo, truncado, quase “russo”. Isso porque, segundo o tradutor, esses são momentos de conflito e confusão mental e psicológica do personagem, que se reflete na sua linguagem.

Nesse sentido, uma tradução menos fluente, mais “confusa”, estaria mais “fiel” ao original. De fato, como muito se discute,  “fidelidade” em tradução é algo controverso. Fiel a quem? A primeira tradução, mais fluente, é “fiel” ao gosto do público leitor (francês e português), ao passo que a segunda pretende ser “fiel” à genialidade do estilo do escritor russo.  Existe muita teoria em Tradução sobre isso, não pretendo me aprofundar na questão.

Para terminar, confesso estar gostando de ler a tradução vinda do francês…

Por hoje, é só.

Abraço!

Ah, uma dica: quem gostar de Literatura, daqueeelas, leia “Crime e Castigo”.

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Prêmio de Tradução

Vejam só que interessante:

PRÊMIO NOVOS TRADUTORES DO BRASIL

 www.ugfpos.com

Este concurso visa premiar as melhores traduções para o português dos seguintes contos:

Tradução do Inglês: Tradução do conto “Hermann The Irascible“, de Saki; 

Tradução do Espanhol: Tradução do conto “Darle vueltas a una ceiba“, de Guillermo Cabrera Infante; 

Tradução do Italiano: Tradução do conto “Una goccia“, de Dino Buzzati;

Podem concorrer ao Prêmio Novos Tradutores 2009 apenas alunos formandos no último semestre de Letras e formados em Letras ou outras áreas que nunca tenham publicado nenhuma tradução.

Os vencedores ganharão uma bolsa de estudos para um curso da respectiva língua nas seguintes instituições: Brigde Linguatec, em Denver, Estados Unidos; Instituto Cervantes, em uma universidade da Espanha;  Università degli Studi di Milano, na Itália.

As traduções poderão ser inscritas pelo tradutor entre 16 de novembro de 2009 e 31 de janeiro de 2010, e devem ser enviadas para o e-mail premionovostradutor es@gmail. com, juntamente com outros dados (consultar).

Mais informações: no site www.ugfpos.com ou pelo e-mail posugftrad@gmail. com

Alguém aí se habilita? Good luck!

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Mais sites interessantes

Seguem algumas dicas de sites bem legais:

Livros:

http://www.wdl.org/pt/ – site da biblioteca digital mundial;

http://www.dominiopublico.gov.br/ – site para baixar livros especialmente de literatura (acho que esse a maioria já conhece…);

http://www.estantevirtual.com.br/ – site para buscar e comprar livros usados mais baratos.

Tradução e afins:

http://uz-translations.net/index.php – dá para baixar vários materiais, inclusive dicionários, como o Oxford Collocations, e livros de gramática.

http://www.fflch.usp.br/dlm/comet/ – site do projeto Comet – Corpus Multilíngue para Ensino e Tradução – da USP (do qual eu faço parte, by the way).  No link “artigos”, há diversos trabalhos interessantes na área de Linguística de Corpus;

http://www.phrases.org.uk/meanings/a.html – site que explica o significado de diversas expressões idiomáticas.

Quem só fica perdendo tempo na net agora já tem alguma coisa útil pra ler!!

Abraço!

🙂

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Você sabe o que é “prosódia semântica”?

O nome soa difícil, mas refere-se a um conceito relativamente simples e muito interessante.

Prosódia semântica é “a associação recorrente entre itens lexicais e um campo semântico, indicando uma certa conotação (negativa, positiva ou neutra) ou instância avaliativa” (Berber Sardinha, 2004). Em outras palavras, a prosódia semântica revela o contexto – positivo, negativo ou neutro – em que uma palavra geralmente aparece.

Por exemplo, um estudo de Stubbs (1995) demonstrou que o verbo to cause é utilizado principalmente em contextos negativos, ocorrendo com substantivos como anxiety, concern, crisis, damage. Berber Sardinha (1999) realizou uma investigação semelhante em português e constatou que, assim como o equivalente em inglês, o verbo causar também tem prosódia semântica negativa, estando associado principalmente a problema, danos, morte, prejuízo.

Por que a prosódia semântica é importante para a tradução? Porque revela sentidos sutis, mas importantes, que raramente são indicados nos dicionários. A prosódia semântica cria uma relação de expectativa no leitor ou ouvinte. Se é quebrada por desconhecimento, compromete a fidedignidade da tradução, pois modifica a conotação intencionada no texto original.

Durante uma aula na faculdade, estávamos discutindo a melhor tradução para “largar o vício”. Por fim, o professor disse que seria “kick the habit” e disse ainda que habit tinha uma conotação negativa. Achei interessante. Em seguida, uma aluna minha escreveu a seguinte frase em uma redação “I have the habit of eating pasta every Thrusday”. Frase certa, mas pouco usual (ou idiomática). Fiquei pensando se, para os ouvidos de um nativo, esse “habit” não soaria negativo. Eu estava lidando com a prosódia semântica, mas não sabia…

Algum tempo depois, retomei essa questão em um trabalho de uma disciplina do mestrado. Resolvi fazer uma pesquisa de corpus comparando a prosódia semântica de hábito e habit. Para o português, utilizei o corpus do Banco de Português e o Nilc. Na pesquisa em inglês, empreguei o BNC e o Cobuild.

Foi possível concluir que habit apresenta de fato uma prosódia semântica essencialmente negativa, ocorrendo com palavras como bad, smoking, addiction, nasty, annoying, disgusting, etc. Os dicionários bilíngues deveriam indicar, portanto, as opções “vício” e “mania” como sugestões de tradução. Exemplos encontrados no corpus:

He decided the release the bad unwanted childish habit.

You’ll be free from an expensive and damaging habit.

It’s this combination of habit and addiction that makes it hard to give up

Mary Worty had a habit of getting drunk and then getting into fights

 Em português, hábito possui prosódia semântica primordialmente positiva ou neutra. Os principais colocados foram leitura, comer, mudança, novo, etc. Houve a ocorrência de palavras negativas, como péssimo e mau, mas não em sua maioria. Exemplos do corpus:

Na Suécia não temos o hábito de saber o sexo do bebê antes do tempo.

Não bastasse ter sido o melhor em campo, como de hábito nos grandes jogos.

 Crie o hábito de se colocar no lugar do cliente. 

Há 24 anos o técnico tem o hábito de fotografar jogos.

Vale ressaltar que possuir uma prosódia negativa não significa dizer que habit  jamais ocorrerá em contextos positivos. O mesmo vale para o cognato em português. A prosódia indica apenas uma preferência, não obrigatoriedade, por determinado contexto.

Este post ficou longo… Obrigada pela atenção.

 

_____________

BERBER SARDINHA, T. 2004. “Lingüística de Corpus”. Manole, São Paulo, p.235-237.

BERBER SARDINHA, T. 1999. “Padrões lexicais e colocações do português”. Apresentação no XV ENPULI, São Paulo,  USP

STUBBS, M. 1995. “Collocations and semantic profiles: on the cause of trouble with quantitative studies”. Functions of Language, Amsterdam, John Benjamins

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Como ser um tradutor irritante (trabalhando coletivamente com outros tradutores)

– traduza em voz alta, de preferência em alto e bom som, fazendo perguntas e respondendo você mesmo;

– cantarole uma musiquinha ininterruptamente;

– “soque” o teclado, fazendo o máximo de barulho que conseguir, caso não funcione, bata o mouse, pá pá pá;

– fale ao celular bem alto, de preferência assuntos bem caseiros e particulares (incluindo apelidinhos românticos e voijinha de quiancha);

– ainda no assunto celular, coloque uma musiquinha bem animada, no último volume, e saia da sala sempre que prever que alguém vai te ligar;

– naquele belo dia de verão, máxima de 30 graus, diga que está ficando com dor de garganta e peça para não ligarem o ar-condicionado (essa dói…);

– faça um ees-câân-da-lo cada vez que travar o Trados, a Internet, o computador e afins;

– quando pegar um trabalho muito grande, reclame que está “atolado”, quando pegar um muito pequeno, reclame que esse mês não vai dar pra pagar as contas;

– coma diariamente alimentos de forte “aroma”, tais como banana, mexerica e cheetos bolinha (passar cremes e desodorantes fortes também vale);

– por fim, converse diversas vezes ao longo do dia, na sala, mas no único momento em que resolveu se concentrar, faça um sonoro SSSHIIIUU quando o bate-papo alheio o incomodar.

Aviso: essa lista é meramente humorística!! No hard feelings!

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Problemas no original

Muitas vezes os textos originais são problemáticos. Não me refiro a pequenos erros de ortografia, mas a textos mal escritos mesmo, com orações desconectas, ideias contraditórias, informações desencontradas e até estruturas ininteligíveis (quem já traduziu texto técnico em inglês vertido do chinês ou alemão sabe o que estou falando…).

O que faz o tradutor nessa hora? Corrige e melhora o texto? (Isso acontece muito e acaba passando batido.) Reproduz os erros? Avisa o cliente? Ou manda bala porque a tradução é pra ontem?

Claro que depende da natureza e consequência do erro. Se for algo crucial para o texto, corrige-se o erro, na medida do possível, e/ou avisa-se o cliente. Do contrário, na prática, corrige-se o que der e bola pra frente. Em alguns casos, como nos exemplos (verídicos!) abaixo, dá pelo menos pra dar umas risadas:

Children under two eat free when accompanied by an adult. / Crianças de até dois anos não pagam a refeição quando acompanhadas por um adulto. (Por acaso uma criança de dois anos “janta” sozinha no restaurante?)

underground convered parking / estacionamento subterrâneo coberto (um estacionamento subterrâneo descoberto seria uma cratera, não?)

24-hour front desk: 5 pm to 9 pm / recepção 24 horas: das 17:00 às 21:00 (nem precisa comentar…)

O fato é que problema em original é mais comum do que se imagina e pode passar por erro do tradutor. Portanto, antes de criticar um texto traduzido, seria interessante conhecer as condições também do original!

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Mais eventos para tradutores

Olá, voltei! O blog andava meio parado, mas jamais esquecido. À minha legião de ávidos leitores, minhas sinceras desculpas!

Vamos ao assunto do post:

A Vânia deixou um comentário aqui no blog e gostaria de saber sobre outros eventos para tradutores. Pois bem, recentemente, foram divulgados dois eventos muito interessantes:

1) Ciclo de encontros de literatura Tertúlia Tradutores, no Sesc Pompeia, com a seguinte programação:

27/09 – Modesto Carone: Traduzir Kafka;
04/10 – Sérgio Molina: Traduzir Miguel de Cervantes;
25/10 – José Rubens Siqueira: Traduzir J. M. Coetze;
08/11 – Eric Nepomuceno: Traduzir Gabriel Garcia Marquez;
15/11 – Paulo Bezerra: Traduzir Dostoievski;
29/11 – Ivan Junqueira: Charles Baudelaire;
13/12 – Boris Schnaiderman: Traduzir Tolstói. (a “must”!)

É gratuito! Quem não tinha nada para fazer no domingo à tarde, já tem!

2) X Jornada de Tradução e Terminologia. Interpretação: Formação e Mercado de Trabalho.

A programação é bem interessante, em torno principalmente da interpretação.

Na Casa de Cultura Japonesa – FFLCH, Cidade Universitária, São Paulo, dia 30 de setembro de 2009, no Dia do Tradutor! (sim, também temos um!)

É isso aí!

🙂

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Brevíssima reflexão sobre os dicionários

Como é de conhecimento de todos, os dicionários são uma ferramenta de trabalho importante para o tradutor. Entretanto,  além de escassos, eles estão longe de responder a todos os questionamentos do tradutor. A própria autora de um dicionário jurídico chegou a afirmar que: Nenhum dicionário é bom o suficiente, mas é certamente melhor do que nenhum. Verdade.  

Na prática, por incrível que pareça, encontrar um termo técnico no dicionário é mais a exceção do que a regra. E mesmo quando você encontra o que está procurando, na grande maioria das vezes, a informação é insuficiente.

Por exemplo, em um texto sobre decoração, explicando como fazer uma parede de pedras, tem-se: “You can also use cobblestones or large river rock in place of slate”.  Vamos começar por cobblestone, consultando o dicionário técnico industrial:

Cobblestone: pedra arredondada geralmente utilizada na pavimentação. O mesmo que cobstone. / Cobstone: o mesmo que cobblestone.

Ok, ótimo. Mas como eu traduzo? “Você também pode usar uma pedra arredondada geralmente utilizada na pavimentação ou ….”. Será??

Vamos para slate.

Slate – piçarro, ardósia, lousa, piçarra.

Ok. “Mi-nha-mãe-man-dou-eu-es-co-lher…”.

Brincadeiras à parte, esses exemplos são apenas para ilustrar como um dicionário bilíngue pode servir apenas como ponto de partida na pesquisa terminológica. O tradutor realiza ainda uma maratona de consultas a dicionários monolíngues, textos sobre o mesmo assunto na Internet (a 8ª maravilha do mundo para os tradutores), imagens do google (a 9ª), glossários particulares, listas de discussão on-line, memórias de tradução, memória do colega que senta ao lado, dentre outros.

No próximo post, escreverei sobre uma questão semelhante: o fato de os dicionários não trazerem informações sobre o “uso”, o “comportamento” das palavras.

Abraço.  🙂

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Myths about technical translation

Yes, they exist! Well, at least according to some theorists and I myself as a professional translator happen to agree.

Before we get to the misconceptions per se,  some background information on this translation activity might be useful.

It has been estimated that technical translation accounts for some 90% of the world’s total translation output each year (Kingscott, 2002) and about 70% of the market in Brazil. This is not really surprising given the importance and massive volume of technical information being shared across the various countries and languages. Yet despite the overwhelming demand for this type of translation, within Translation Studies technical translation has always been regarded as of little importance, the ‘ugly duckling’, the ‘poor cousin’ or “regarded as little more than an exercise in specialized terminology and subject knowledge” (Byrne, 2006). In fact, technical translation has never been the main focus of theoretical studies and up until now no theory fully explains the mechanisms and complexity involved in this type of translation activity.

Having said that, some myths about technical translations are (Byrne, 2006):

  • Technical translation is all about terminology. Who has never thought or even said “Oh, come on, with a good dictionary anyone can do that….” Needless to say technical vocabulary is a crucial aspect in technical translation, but more important than that is knowing how to write!! That means producing texts that are similar to those written by technical writers in the target language, including text conventions, structure, proper fit for target public and, of course, the vocabulary.
  • Style doesn’t matter in technical translation. I’ve heard that even from translators. This implies that technical translators work more or less like Google Translate… (with the disadvantage of having to be paid.)  If we consider style as the way we write things, the words we choose and how we construct the sentences, then style is as important in technical translation as in other types of technical writing. In fact, most translation tests fail not because the translator didn’t get this one technical term precisely right, but because the text “doesn’t read well”. Good and adequate style has a huge impact on the quality of technical translation.
  • Technical translation is not creative; it simply is a reproductive transfer process. The choice of vocabulary and style is more restricted than in literary translation, but in other to communicate effectively, technical translators have to be creative all the time to come up with solutions for linguistics issues, such as lack of equivalence between the two languages.
  • You need to be an expert in a highly specialized field. It is true that no translator can master every subject area or nothing even close to that, but if you have a good knowledge of the more generic subject areas and technical vocabulary, you can combine it with your research and writing skills and apply it to more specific areas. In fact, most translators are specialized in two or three areas, but, believe me, they may accept to translate pretty much any subject area you ask them.

In a nutshell, these misconceptions reveal that technical translation is often over simplified and reduced to its specialized content. This is why some clients would prefer to hire an engineer to translate a manual instead of a professional translator. Translation myths, as any other myth, can be demystified once you try to comprehend the real nature of this activity.

If you have a comment on this or can think of other myths related to translation in general, just drop me a line! Feel free to write either in Portuguese or English.

 

____________________

BYRNE, J. (2006). Technical Translation: Usability Strategies for Translating Technical Documentation. The Netherlands: Springer

KINGSCOTT, G. (2002). Technical Translation and Related Disciplines. Perspectives: Studies in Translatology, Vol. 10, p. 247-255

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Eventos 2° semestre de 2009

A segunda metade de 2009 vem com vários eventos interessantes para os estudantes e profissionais da área de tradução.  Três deles, dos quais eu participarei, são:

1) X Encontro Nacional de Tradutores e IV Encontro Internacional de Tradutores, de 07 a 10 de setembro, em Ouro Preto, MG.

Nesse evento, apresentarei um trabalho sobre “Prosódia Semântica”.

2) VIII Encontro de Linguística de Corpus, de 13 a 14 de novembro, no Rio de Janeiro, RJ.

3) SILEL – XII Simpósio Nacional de Letras e Linguística, de 17 a 19 de novembro, em Uberlândia, MG.

Para quem se interessar, nos encontramos lá!

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Sites e blogs interessantes

Esta semana passei a acompanhar dois sites muito interessantes sobre tradução. Um deles é de um tradutor bastante conhecido na área, o Danilo Nogueira. O site dele é excelente (mais ou menos o que eu tenho em mente para este humilde blog): www.tradutorprofissional.com. Ele fala sobre diversos assuntos referentes à profissão: o mercado, condições de trabalho, atualidades e realidades, etc.  Vale a pena ler.

Outro site legal é o da Corinne Mckay, uma tradutora americana que escreveu o livro  “How to succeed as a freelance translator”. O blog dela é: http://thoughtsontranslation.com/ e tem muitos posts sobre como se organizar para ser um tradutor bem-sucedido. Check it out!

Essas são as dicas de hoje!

Até a próxima.

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Fonte de pesquisa – Informática

Esta semana traduzi um trabalho grande sobre uma impressora, copiadora e scanner. Esse site salvou minha vida várias vezes:

http://www.microsoft.com/language/pt/br/search.mspx

Lá você encontra a terminologia da Microsoft, com tradução (e explicação!) dos termos para vários idiomas. Você, tradutor, vale a pena “favoritar” (como disse o Ronaldo, colega meu do escritório).

Um termo interessante que encontrei nesse site:

full color printing = impressão em quatro cores (não, não é em ‘todas’ as cores)

That’s it!

🙂

 

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A morte do Michael Jackson

O assunto do momento, aliás, já exacerbado pela mídia… De qualquer maneira, a morte sempre mexe com a gente, causa estranheza, apesar de ser a mais natural das coisas, e faz parar para pensar. É muito estranho imaginar que aquela pessoa não existe mais… E se ao menos ele soubesse que era o último dia!! A morte nos confronta com a finitude da vida, nos faz repensar nossos valores,  o que somos e queremos ser… e por aí vai.

Fiquei triste com a morte dele. Meio chocada no início.  As pessoas na minha faixa etária lembram dele da época de criança… eu tinha disco, dançava na frente da televisão…  Convenhamos, gostem ou não gostem, ele tem uma história admirável de superação, talento, perseverança, trabalho, sucesso. E uma história intrigante de decadência e mistério.

Vejam as incoerências do ser humano. Chega a ser até irônico. Como uma pessoa que fala de ‘milhões’ pra cá, ‘milhões’ pra lá ainda precisava trabalhar doente e cansado para pagar dívida? Parece até….. um pobre mortal! Outra coisa, o que adianta ganhar fortunas se até pra ter filho você precisa desembolsar 13 milhões!  O que mais me intriga: como uma pessoa passa mal do lado de um mé-di-co  (particular!!),  que estava ali de plantão só para garantir a sua saúde, e não consegue sobreviver?? Como uma pessoa compra uma casa do tamanho de sete vezes o parque do Ibirapuera e mora praticamente isolada, reclusa, escondida, solitária, de máscara, sem poder tomar sol?!!  Como uma pessoa que alcança o inimaginável não consegue encontrar satisfação nas bençãos simples (?), como família, amor, paz, Deus.

Mas o que me fez escrever sobre esse assunto foi um poema que a minha vó de vez em quando comentava e que me ocorreu várias vezes nesses dias. Não lembro as palavras exatas, por isso, resolvi adaptar um pouco para o contexto atual. Prestem atenção:

O dinheiro

Compra lençóis macios, mas não o sono

Compra comidas deliciosas, mas não o apetite

Compra belas roupas e joias, mas não a verdadeira beleza

Compra remédios, mas não a cura

Compra bons médicos, mas não a saúde

Compra a casa, mas não o lar

Compra bons livros e escolas, mas não a sabedoria

Compra a companhia, mas não a amizade

Compra todos os confortos e luxos desse mundo, mas não compra o amor nem a paz.

Minha vozinha estava certa!

Chega de filosofia.

Beijo!

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Como fazer um mestrado na USP

Como já mencionei aqui neste blog, faço mestrado na USP.  Muitas pessoas já me perguntaram como consegui entrar lá, principalmente, por ter feito a graduação em uma faculdade particular. Antes de mostrar o caminho das pedras, vale negar alguns mitos nos quais eu mesma acreditava:

– não, as vagas não são compradas, são poucas…

– não, não precisa ser gênio, nem nerd, nem louco, nem chato, nem sobrenatural, nem estudar o dia inteiro; é preciso persistência, disciplina, disponibilidade e gostar de estudar, obviamente.

Isto posto,  lá vão dez passos para não pagar para fazer um mestrado:

1 –  depois de decidir a faculdade que quer cursar, entre no site e procure a grade de disciplinas que serão oferecidas no semestre seguinte (já aviso, o site é confuso…);

2- escolha uma disciplina do seu interesse e:

– assista como aluno ouvinte: no dia da aula, você chega e pede para o professor para assistir a disciplina. Se tiver vaga e os seus motivos forem convincentes, ele deixa. Você assiste as aulas só para conhecer. Não precisa de presença regular, fazer trabalhos, seminários, nada… só sentar e “ouvir”;

– assista como aluno especial: se inscreva na data estipulada presencialmente lá na USP, depois é preciso fazer uma prova (até que simples) de interpretação de texto em inglês e redação. Também é necessário entregar vários documentos – histórico, currículo, carta de solicitação ao professor, etc. A vantagem é que você pode aproveitar os créditos depois, se vier a fazer o mestrado, e também ‘mostra mais serviço’.

No meu caso, assistir aulas como aluna especial foi crucial para ter ideias de projeto, conhecer o professor e suas linhas de pesquisa, conhecer pessoas que te dão várias dicas e descobrir em que chão você está pisando.

Ah, se fizer aula como aluno especial, capricha no trabalho de conclusão da disciplina!!

3 – escolha a área e o professor orientador;

4- se inscreva para o mestrado propriamente dito, geralmente com quase um semestre de antecipação! Ou seja, para começar a estudar em agosto, o processo começa em março, mais ou menos. As datas são rigorosas e estão no site. Também é preciso entregar um monte de documento, mas nada que você não tenha…

5- faça a prova de inglês – interpretação de texto teórico (ferradíssima…), incluindo respostas dissertativas, e redação;

6- estude para a prova de conteúdo. São geralmente de 4 a 8 livros, dependendo do curso. A lista de livros está no site. No meu caso, consegui os livros por um colega que estuda na USP e pegou na biblioteca. Dica: faça um cronograma das leituras (1 mês para esse livro, x páginas por dia, etc.) e não deixe de fazer uma revisão.  (Ah, dê adeus à sociedade e avise que você vai precisar se retirar);

7- faça a prova de conteúdo. No meu caso, cinco questões dissertativas, você escolhe três para responder. Lembra da folha de almaço do colégio? Você escreve uma daquelas inteira;

8- no dia da prova, você tem que entregar seu projeto de pesquisa, dentro da linha de pesquisa e atuação do professor orientador que você escolheu (ou que vai te escolher, melhor dito). Essa é a parte mais difícil, por isso você tem que pensar nisso lá nas aulas como aluno especial.  Dica: siga as regras de formatação e estrutura, seja objetivo, claro, dê exemplos, não deixe erros, faça uma capinha bonitinha…

9- passou na prova? Agora é a vez da entrevista de mestrado. Esteja preparado para explicar o que você pretende com a pesquisa. No meu caso, havia três professores, incluindo a orientadora, que leram o meu projeto e fizeram perguntas gerais sobre a relevância da pesquisa, etc.  No meu caso específico, para ser sincera, foi mais fácil do que eu pensei, mas não diria que isso é um padrão. Vale lembrar do ditado: “Hope for the best, but plan for the worst”.  Depois  é só aguardar a confirmação ou não da aprovação, que geralmente sai uma semana depois da entrevista.

10 – passou? Agora é só fazer a matrícula! Você vai ter que completar x número de créditos, ou seja, vai precisar assistir disciplinas como aluno regular, geralmente de tarde, uma vez por semana (é nessa etapa que eu estou!). Também é interessante frequentar congressos, convenções, palestras.

Por fim, o céu é o limite: o quanto você vai estudar, ler, “es-cre-ver” vai depender de você. Lembre-se, o interesse é seu e só seu. O que é muito mais difícil do que ter alguém te mandando estudar isso e ler aquilo.

É isso aí! Respondi a pergunta?

Beijo e boa sorte para quem for tentar!

🙂

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Concurso público para tradutor – PROTESTO!!

Atenção, colegas, saiu um concurso público para tradutores, com formação em Letras e tudo!

local: Fundação Universidade de Brasília

carga horária: 40 horas semanais

salário: 1.700 reais

Quanto? MIL E SETECENTOS REAIS?

Será que esse pessoal sabe quanto custa fazer uma faculdade + aprender um idioma (ou mais) fluentemente + passar num concurso público????

Isso é uma ver-go-nha!!!

Campanha: você, tradutor que se preze, NÃO se inscreva no concurso da FUB!

ufa, tô me sentindo melhor.

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Desafio de tradução

“Pull and Tow:  People. Equipment. Supplies. You can’t bring the north forty to them.”

Semana passada houve praticamente uma conferência entre os tradutores do escritório para se chegar a uma tradução da frase acima. Chegamos todos a conclusão de que… é… então… não dá!

O contexto não ajuda muito, mas para os “curiosos” (será que existe alguém?), é uma espécie de slogan para um tipo de trator multi-tarefas de última geração… (aahh, agora sim!)

Alguém aí se habilita?

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Termos de economia

Quem é tradutor sabe que tem horas que aparece um termo que você não entende… não encontra no dicionário… não encontra traduzido em lugar nenhum… e só Deus sabe como você acaba chegando a uma tradução. Anotem!! Se esses dois termos aparecerem para vocês, vocês vão economizar muuito tempo!

Inflation has been “sticky” because of the UK currency’s drop in the past year / Estamos passando por um período de estagflação em função da queda na moeda britânica no último ano

Burgess expects the market to continue to be extremely volatile for the next few years, and he believes attempts to time the market are misguided. / Burgess prevê que o mercado continuará extremamente volátil nos próximos dois anos e acredita que as tentativas de antecipar as reações do mercado estão equivocadas.

O termo a seguir não foi difícil, mas acho interessante mencionar. Quem não sabe fica sabendo que….

bank bailouts = planos de resgate/salvamento bancário. Em inglês, “bailout” é usado para descrever o ato de se projetar de um avião em queda… daí a ideia de salvamento… pegou?

 Exemplo:

contingency plans for rolling back budget deficits and bank bailouts / planos de contingência para conter os déficits orçamentários e resgates bancários

É isso aí.

Grande abraço.

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Você sabe o que é linguística de corpus?

Desenvolvo uma tese de mestrado na área de Tradução. Estudo os padrões na língua de especialidade, mais especificamente, a hotelaria. Para tanto, tenho utilizado como abordagem metodológica a Linguística de Corpus. Você sabe o que é isso?

A Linguística de Corpus é uma área que:

  • estuda a língua em uso, ou seja, investiga a linguagem por meio da observação de grandes quantidades de dados linguísticos (textos falados ou escritos) autênticos (reais, não inventados);
  • utiliza um corpus (plural: corpora) para realizar suas investigações, ou seja, um conjunto de dados linguísticos reais criteriosamente coletados (em meio eletrônico), que deve ser representativo do universo linguístico que se pretende estudar;
  • faz amplo uso de ferramentas computacionais para organizar, extrair dados e interpretar as informações do corpus (como WordSmith Tools, dentre outras);
  • parte de uma abordagem empirista (dados observados), contrária à abordagem racionalista (princípios pré-estabelecidos), e tem como central a noção de linguagem enquanto sistema probabilístico, ou seja, embora existam inúmeras possibilidades de expressão na língua, elas não acontecem com a mesma frequência. Por exemplo, por que dizemos “artigos de cama mesa e banho” (provável) e não “artigos de mesa banho e cama” (possível), apesar de a segunda opção não estar “errada”?

De acordo com essa noção da linguagem, os traços linguísticos não ocorrem de forma aleatória, sendo possível evidenciar e quantificar regularidades (padrões) no uso.  Por exemplo, dizemos “mentir descaradamente” (lie outright, em inglês) e não “mentir abertamente”; “tomar uma decisão” e não “fazer uma decisão”, ao contrário do inglês “make a decision“.

Para muitos pesquisadores, a Linguística de Corpus revolucionou o modo como a linguagem é estudada. Seus achados contribuem para diversas áreas de pesquisa, como lexicografia, ensino e tradução (eu estou aqui!).

Post adaptado do artigo do wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%ADstica_de_corpus

Esse é só o começo… muito mais por vir sobre Linguística de Corpus.

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O sobe e desce na Economia

Hoje comecei o dia (às 6 horas…)  traduzindo um texto de finanças. Não foi tão fácil como parecia a princípio. Tratava-se de uma notícia sobre uma reunião do G-8 sobre a crise, investimentos em bolsa, etc. 

Em economia, é interessante notar as formas de dizer que algo SUBIU…

The yen rose against higher yielding currencies and advanced the most in two weeks / O iene subiu em relação às moedas de maior rentabilidade e também teve a maior alta durante duas semanas

The yen climbed to 133.46 per euro / O iene subiu para 133.46 por euro

The decline was tempered by a 40% increase in Germany / A queda foi amenizada por um aumento de 40% na Alemanha

It advanced 1.5% to 96.35 per dollar / A moeda avançou 1,5% para 96,35 por dólar

DESCEU…

The decline was tempered by a 40% increase in Germany / A queda foi amenizada por um aumento de 40% na Alemanha

The dollar fell for a second day against the yen /  O dólar recuou pelo segundo dia em relação ao iene

European car sales in May fell at the slowest rate  / Na Europa, as vendas de carros, em maio, baixaram para a menor taxa este ano

as stocks declined and the Bank of Japan said the nation’s recession is easingà medida que as ações declinaram e o Banco do Japão declarou que a recessão da nação está perdendo força

UK inflation slowed less than economists forecast / A inflação no Reino Unido caiu abaixo das estimativas dos economistas

New car registrations slid 4.9% to 1.27 million /  Os registros de novos carros caíram 4,9% para 1,27 milhão

a thirteenth consecutive monthly drop / uma queda pelo décimo terceiro mês consecutivo

Também aprendi duas formas de indicar “retração”:

plans for rolling back budget deficits and bank bailouts / planos de contingência para conter os déficits orçamentários e resgates bancários

they said it’s premature to rein back more than USD 2 trillion in stimulus packages / afirmaram também ser cedo para retrair os mais de 2 trilhões de dólares em pacotes de estímulo

É isso aí!  Keep up the good work!

🙂

 

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